Autor Valéria Centeville – email:
Pessoas perfeccionistas costumam ter baixa auto-estima, exceto aquelas que aprenderam a tolerar seus erros.
O perfeccionista geralmente não exige perfeição em tudo, senão estaria louco, mas em algumas coisas que são importantes para ele. Por exemplo, uma pessoa que valoriza a beleza do corpo e é perfeccionista neste aspecto pode passar a vida infeliz com seu próprio corpo, pois vive se comparando com o ideal de beleza que existe na mente dela e, como nunca consegue atingi-lo, se sente inferior, com baixa auto-estima.
É frequente encontrarmos perfeccionistas que são regidos pela lei do “Tudo ou nada”. De acordo com essa lei, ou a pessoa é “tudo”, quando se aproxima do seu ideal de perfeição, ou é “nada”, quando se afasta dele.
A constante comparação de si mesmo com os outros é um comportamento comum no perfeccionista e ele precisa sempre ganhar, de acordo com a hierarquia por ele estabelecida, para se sentir satisfeito. Caso contrário, se sente um zero à esquerda, sem valor.
O medo de errar e virar um “nada” aos seus próprios olhos costuma ser constante. Em decorrência deste medo, a pressão que ele exerce sobre si próprio pode ser intensa e gerar muita ansiedade. Ele quer que o tempo passe logo, que as coisas aconteçam rapidamente para ter a certeza de que saíram conforme o planejado. E se não saírem…alguém será massacrado e culpabilizado, dependendo da personalidade do perfeccionista. Se for intrapunitivo, ele mesmo será seu carrasco e lhe dará uma “surra” psíquica, se martirizando pelo menor erro cometido. Se for extra punitivo, os outros levarão a culpa (o/a chefe, o/a filho/a, companheiro/a, vizinho/a, Deus, o diabo, o destino, etc.).
A preocupação com o que os outros irão pensar e falar também é muito freqüente nesse tipo de personalidade. Pensamentos do tipo “O que vão pensar de mim se eu fizer x, se eu disser y, etc.” atormentam a mente do perfeccionista ao ponto de lhe causar insônia. Por trás destas preocupações, existe o medo de ser rejeitado, de não ser aceito e amado como gostaria.
O perfeccionista muitas vezes valoriza muito mais seus erros do que seus acertos. Faz 9 coisas certas, uma errada e acha que fez “tudo errado”. Por trás desta dinâmica psíquica pode ter uma educação muito rígida e/ou erros graves cometidos no passado, talvez numa vida passada, com conseqüências graves e com o respectivo sofrimento.
A solução é voltar às origens do perfeccionismo, do medo de falhar, de ouvir um “não”, de ser rejeitado, e desfazer os “nós” psíquicos, os complexos patológicos que causam o sofrimento.
Buscar o melhor de si é legal, mas se culpar e condenar pelos erros é ruim, pois pode provocar baixa auto-estima, conflitos intra-psíquicos sérios, raiva e vergonha de si mesmo, podendo chegar à depressão.
O perdão e o amor próprio incondicional é a melhor alternativa. Afinal, os erros de hoje são os acertos de amanhã. E é para isso que estamos neste mundo: para aprender, evoluir e para consertar os erros, na medida do possível.
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Valéria Centeville
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